sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Madrasta

Se por um lado o imaginário popular propagou a fama de má da madrasta, por um outro mais realista, essa mulher costuma penar na nova casa. Um de seus dramas mais comuns é ter que enfrentar a rejeição que sofre por parte dos enteados.
 Em geral, ela assume uma dessas duas estratégias: a de repetir os mesmos hábitos da mãe das crianças, que a faz ser desaprovada por estar competindo com a ex-mulher do marido. A outra postura costuma ser a de tornar-se a melhor amiga das crianças, colocando-se no mesmo patamar delas. Só que aí ela compete com as crianças pela atenção do marido e, mais uma vez, é renegada. Diante das tentativas frustadas , as questão que ficam é: como formar uma família em harmonia diante de tantos conflitos? Para os especialistas, a melhor saída é que a madrasta assuma a sua verdadeira posição, a de ser a esposa do marido.

O número de mulheres que precisa enfrentar o desafio de ser aceita pelos filhos do parceiro só tende a crescer.
 As estatísticas mostram que as madrastas estão cada vez mais presentes nos lares brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres solteiras que se casou com homens divorciados cresceu cerca de 60%, o que demonstra que este é um dos novos perfis da família brasileira. 

De acordo com a terapeuta familiar Roberta Palermo, autora do livro "100% Madrasta: Quebrando os Preconceitos" (Integrare Editora), antigamente, as madrastas eram a mulher do viúvo, que chegavam para substituir a mãe ausente e eram superqueridas pelos enteados e bem vistas pela sociedade, afinal, vinham para amparar as crianças órfãs ainda sensibilizadas. Porém, com a aprovação da Lei do divórcio, em 1977, e com a guarda compartilhada, as madrastas assumem outros papéis e, de boa alma que ampara órfãos, passam a ser vistas como mulheres más que vieram tirar o pai dos braços da 
mãe.

Relação delicada 
Parte do processo de convívio saudável entre madrasta e enteado é que ambos os lados compreendam que as famílias reconstituídas passam pelos mesmos conflitos que as famílias biológicas, de acordo com as fases de vidas de seus componentes. "O agravante nesta situação de reconstituição está nas expectativas internas de cada membro, baseada no mito do amor incondicional dos pais. Por isso, cultivar a harmonia e o afeto através do diálogo costuma ser a melhor solução", explica a terapeuta. 

São vários - e complexos - os fatores que interferem na relação madrasta e enteados. Segundo a psicoterapeuta Margarete Volpi, a rejeição por parte das crianças normalmente se dá por rebeldia e por. "Isso por causa da interferência da mãe biológica, que tenta usar seu poder de persuasão para convencer o filho de que a madrasta foi a culpada pelo fim do casamento", diz a especialista. 

Já por parte da madrasta, os conflitos com a ex-esposa e a insegurança são as causas mais comuns.
"Entre os motivos que influenciam a relação com os filhos do marido estão a raiva e o ciúme da ex-mulher, falta de vínculos afetivos com a criança, medo de não conseguir conquistar o amor dos enteados, dificuldade em impor sua autoridade e receio de se tornar chata e perder o marido", enumera Margarete Volpi.

Conquistando seu espaço A filósofa Fernanda Carlos Borges, autora do livro "A Mulher do Pai" (Summus Editorial), defende a participação mais intensa e independente da madrasta na criação dos enteados. Segundo ela, a madrasta não deve ser a sombra do pai. "Os homens não são atentos ao ambiente emocional doméstico como as mulheres", diz. 


A orientação é colocar ordem na casa sem medo de passar pela chata. Para Fernanda, que também é madrasta, essa mulher está entre os adultos responsáveis pelas crianças e, portanto, tem o dever de educar. 
A terapeuta Roberta Palermo aconselha a atuação presente das madrastas na vida dos enteados, porém, de comum acordo com o pai das crianças, porque se as coisas não vão bem, ficam ainda piores quando o pai desautoriza a madrasta na frente das crianças. 
Segundo as experiências expostas na Associação das Madrastas e Enteados-AME, da qual é fundadora, o grande dilema da nova madrasta é educar o filho da ex-esposa sem poder repreender ou questionar atitudes erradas em função da superproteção dos maridos, que se sentem culpados e as desautorizam. "Por isso, é importante combinar tudo, desde a hora de dormir e a das refeições até se pode ou não colocar o pé no sofá", avalia. 

A atriz Natalia Parzanese, 23 anos, soube driblar os conflitos de madastra com a enteada Letícia, 8. Para ela, a relação pode ser bastante harmoniosa e franca. "É possível educar enteados, respeitando os limites e valores que a criança recebe em casa, da mãe biológica, mas transmitindo os seus, que são de alguém que tem carinho pela criança e se preocupa com a educação dela", explica ela. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oiee! Gostou de algo? Esta com duvidas? Quer sugerir? fique a vontade!